quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Terceiro dia

Depois da tempestade vem a bonança. Ou a calmaria, ou calma ou a.... nada disso. Depois da tempestade vem a contemplação do milagre chamado VIDA. 
Me pego contemplando o vazio, o céu nublado, a chuva,  até um simples pássaro que cruza minha visão. Domingo (véspera de eu saber que iria ser papai) vindo da Barra da Tijuca com meus sogros vi uma garça dando um rasante e pousando em frente a um arbusto que fica beirando a Linha-Amarela, em um lugar cheio de sujeira, mas que parece ser o habitat perfeito para a busca por comida. Ela simplesmente abriu as asas e planou suavemente como um avião que vai aterrizar. Nunca havia reparado nisso e fiquei maravilhado! DEUS é perfeito em toda a sua criação.
Ontem (escrevo isso hoje, dia 03 pois cheguei tarde em casa e estava muito cansado para sequer pensar, quanto mais escrever) meu dia foi bastante agitado. Muito trabalho, muitas tarefas e ainda por cima eu deveria comparecer a reunião do CELD (Centro Espírita Leon Denis) as 19:30. Sair da Praça Mauá para caminhar até Central do Brasil e chegar as 19:30 em Deodoro não é  tarefa das mais simples, ainda mais em um dia chuvoso.
Saí da empresa as 18:05, correndo, com tanta pressa para ir para a Central que na rua notei que não estava com o guarda-chuva em minha bolsa. Por uma questão de segundos pensei em voltar e buscar, mas em outra fração de segundos pensei que isso iria demorar mais alguns minutos e poderia custar um atraso relevante. Estava chovendo, uma chuva bem fininha e eu andando rápido, com passos meios curtos mas ligeiros. Sabe o  que eu estava pensando? Preciso chegar logo pois minha esposa já está lá e preciso saber se ela e o bebê estão bem. Minha preocupação não era a chuva fina mas sim a saúde e a saudade da minha esposa e desse ser que nem nasceu mas que já está movendo todo meu universo.
Cheguei com 10 minutos de antecedência, mas como eu deveria ir para outra sala (pois precisaria tomar o passe de cura, devido a meu problema de cálculo renal), não pude vê-los. Só os vi ao final da sessão, da mesma forma que meus sogros que também estavam. Só ontem pude abraçar eles e dar os parabéns pessoalmente. Sou tão feliz por ser pai como sou por ser pai com uma pessoa maravilhosa que foi criada da melhor forma possível, sendo boa filha, educada, inteligente e ainda por cima uma mulher linda com cara de anjo. Isso foi obra de DEUS e dos meus sogros que permitiram isso! Claro! 
Vê-la reclamando dos pés inchados foi até engraçado, visto que isso vai ser frequente. Ser mãe é padecer no paraíso e ter pés inchados (rs rs rs).
De lá fomos de carro ao supermercado e depois ainda fomos fazer um lanche. Já passara das 23:00 quando viemos embora pra casa. O cansaço estava estampado em nossos rostos mas a felicidade também.
Antes de dormir uma massagem nos pés dela e ainda uma conversa bem amorosa com o ser que há habita o ventre da minha amada esposa e nossos corações.
E assim adormecemos, eu com mão na barriga dela, agradecendo a Papai do Céu pelo dia, e ela silenciosa e amorosa, sem precisar dizer nada além do que o olhar diz.


" Ora ( direis ) ouvir estrelas!

  Certo, perdeste o senso!

  E eu vos direi, no entanto

 Que, para ouví-las,

 muitas vezes desperto
 E abro as janelas, pálido de espanto 
 E conversamos toda a noite,
 enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto, Cintila.
 E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
 Inda as procuro pelo céu deserto.
 Direis agora: "Tresloucado amigo!
 Que conversas com elas?
 Que sentido tem o que dizem,
quando estão contigo? "
 E eu vos direi:
"Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e e de entender estrelas."

(Olavo Bilac)

Rio de Janeiro, 03 de dezembro de 2015.

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