domingo, 4 de julho de 2021

Desabafo de um Pai

Boa noite pessoal.

Filha, agora eu gostaria de pedir licença do seu espaço, para fazer algo que eu realmente não gosto de fazer aqui nesse cantinho: um desabafo.

Eu, Washington Luiz, filho de mãe solteira, que até hoje não sei quem é meu pai, me volto novamente a um momento de incertezas. Perdi meu emprego na quinta (dia 01/07). Um emprego sem vínculo,  mas a qual me dediquei por 1 ano e 7 meses, indo 2x por semana. Um local onde eu achava que teria realmente uma progressão de carreira, com assinatura da minha carteira, ou mais aprendizado. Saí por mudanças na estrutura interna, mudanças de comando. Saí sem desavenças ou clima ruim, mas saí. Todo rompimento, por mais que seja esperado, é doloroso. As palavras de "força, Deus não dá nada que não possamos suportar, não aliviam a dor de perder uma fonte de renda que fará sim bastante falta para mim e minha família.  E novamente me coloco em dúvidas, quanto a minha carreira como profissional de TI. Bate a insegurança, o medo de ficar novamente 1 anos e 2 meses fora do mercado de trabalho. Eu já vinha realmente reavaliando minha carreira devido ao tempo, e particularmente pela minha idade. Me olhei no espelho, vi minha barba por fazer e alguns fios brancos. Nessa hora me dei conta (meio tarde?) que não tenho mais 20 anos, que estou envelhecendo, que a vida é finita e que ainda não realizei nada de bom para minha família. Um pai de 42 anos. O que minha filha vai falar de mim quando ela estiver mais velha? Que lembranças ela terá de quando tinha 5 anos? O que ela vai falar do pai? 

Eu, pai meio tarde (com 37 anos), mesmo com toda expectativa , toda vontade, toda esperança, ainda acho que estou longe de ser um exemplo de pai. Acho que o amor que dou, ainda é pouco. Vez por outra não me sinto tão companheiro como eu deveria ser. Ora ranzinza, ora mandão. Me vejo sendo o oposto daquilo que eu desejei ser para minha filha. E como é difícil quebrar velhos hábitos. Como é fácil dar conselhos ou ler "receitas prontas" em mídias sociais, em vídeos, em programas de TV. Conversei exatamente isso com minha esposa, sempre tão assertiva nos conselhos, nas leituras sobre como ser entender as crianças. Sei que ela está certa, mas quando Maria Tereza levanta a voz ou faz algo que não espero, pronto. Tudo que foi visto cai por terra e o modo Pai Chato entra em ação. Fico bravo, brigo, dou ordem, e depois claro, fico me questionando se agi corretamente. 

Sabe aquela minha última postagem sobre oração? Nesse momento de dúvidas eu só queria realmente sentir a força para orar por mim. Eu, homem de 42 anos, 1,91m, volto a ser uma criança assustada e cheia de medos. E como é ruim admitir isso, mesmo sabendo que há um DEUS que olha por mim, que me quer bem, e que me dá forças. Não quero realmente me sentir assim, mas nesse momento estou sim ferido. E como diz a música Super Herói de Sandy e Júnior (versão de outra música que também gosto muito It´s not Easy), que diz assim:

"Se eu quiser chorar
Não ter que fingir
Sei que posso errar
E é humano se ferir"

Acho que por hoje é só. Eu precisava falar isso, precisava expor(mais) meu lado normal aqui. E me perdoem não ser exatamente o melhor pai ou ser humano no mundo. Na verdade eu nunca quis ser exemplo pra ninguém, mas espero ser um pouco melhor do que sou hoje.

Forte abraço.

Fiquem com Papai do Céu.