segunda-feira, 5 de abril de 2021

Maria - Amor em tempo de Covid

Boa noite leitor(a), boa noite filha, boa noite mundo.

Passam 2 minutos da meia-noite, então, posso dizer que hoje é dia 06 de abril de 2021. Fiquei muito tempo longe por diversos motivos, e tentando não enrolar muito vou falar de um deles: COVID. Não, não estou com essa doença, e até  o presente momento não posso afirmar que tive (não fiz exames para saber se tenho anticorpos), mas posso dizer que ano passado, nessa mesma época tive sintomas característicos (um deles foi perda do olfato e paladar). De acordo com dados oficiais, hoje temos pouco mais de 331 mil mortes. Uma perda irreparável de vidas. Pessoas próximas a mim tiveram a doença, e inclusive uma pessoa muito querida, que me deu a oportunidade de me reerguer profissionalmente, chamado Marcelo Diuana. Acho que já falei isso aqui no blog, mas fiquei mais de um ano desempregado e esse senhor me abriu as portas de uma empresa na qual hoje sou Consultor de TI, atuando diretamente com suporte. 


A questão toda é: tivemos que aprender a viver sem contato físico com outras pessoas além da nossa família. O vírus se propaga muito facilmente pelo ar, então basta inalarmos ou ,após ter contato com alguém contaminado, levar as mãos aos olhos ou nariz ou alguma mucosa para sermos também contaminados. O tempo médio de contágio e manifestação total da doença dura cerca de 14 dias e não é raro termos pessoas contaminadas que não apresentam sintomas (as chamadas assintomáticas) e que por isso podem estar transmitindo o vírus.  

Nós que estamos tão acostumados ao toque, a ver gente, a andar pela rua, ir para cinema, restaurantes e outros lugares que tanto gostamos,  de repente tivemos que aprender a não tocar, não abraçar, não juntar pessoas. O abraço, o beijo, o carinho, passou a ser pela tela de um celular ou pela webcam (isso quando dá). Para muitos, o carinho vai por uma voz mesmo, por uma mensagem de áudio no celular, por um sorriso com os olhos (pois as máscaras, tão necessárias, nos força a buscar outro jeito de mostrar afeto). O afeto das pessoas que tanto amamos ficou mais do que necessário, ficou mais evidente, mais essencial. E como ficam nossos filhos nessa história toda?
Como sempre digo, esse é um espaço pessoal, que muitas das vezes se encaixa em situações tão comuns a todos nós. Vou fazer meu relato de pai (tentando ser o mais gentil e realista possível com minha esposa claro).

Maria Tereza ficou em casa por quase um ano, pois a escolinha em que ela estuda precisou suspender as aulas presenciais, restando assim as remotas (por vídeo, com atividades que eram enviadas, ou até mesmo impressas e distribuídas na escola). Quando ela começou a se acostumar com os amigos, teve que parar. Como falei antes, o contato faz muita falta. Buscamos alternativas, atividades, jogos. A mãe, que é pedagoga e exerceu o outro lado (deu aula por celular) se virou em muitas. Mãe, amiga, conselheira, psicóloga, dona de casa, esposa, professora. Ah, e os nervos à flor da pele. Não é fácil entreter uma criança que em sua melhor fase,  da descoberta,  do contato com diferentes pessoas, da disciplina de horários, precisou ficar em casa e só saia em na rua em momentos especiais e ainda por cima usando máscara e sempre álcool 70%. Para um adulto que possui todo o conhecimento na ponta dos dedos já era ruim, para uma criança é mais ainda. E haja amor viu? Foram conversas, choros, brigas , e beijos e abraços e cumplicidade. Todos nós reaprendemos o valor das pequenas coisas. Um abraço apertado à noite, um colinho para dormir, uma música cantada baixinho, um filme assistido juntinhos (mesmo que esse filme seja visto 10x). Sim, não é fácil, mas acredito que tudo isso seja para evoluirmos. ELE sabe o que faz e nós temos que aprender, pelo amor ou pela dor.


Maria cresceu bastante nesse ano que passou, e está tão vaidosa que até um canal no Youtube tem! Adora tirar fotos, contar histórias, e está falando "inglês" como ninguém. Já eu, nesse ano longe do blog,  trabalhei um bocado, ao ponto de, no dia que ela fez 4 anos, logo após cantar parabéns e cortar o bolo (por vídeo chamada e com a presença de poucos amigos aqui em casa), eu precisar sair para fazer uma proteção veicular de um amigo do bairro que moramos. Louco né? Sim, mas sempre fiz o meu melhor, para ela por elas. Sempre com máscara e álcool.

Para não me estender muito nesse recomeço, vou falar sobre a Páscoa (dia 04/04/2021 - domingo). A mamãe da Maria comprou ovos de Páscoa com uma pessoa muito querida, amiga nossa.  Na madrugada (as 6:30) despertei e resolvi preparar a surpresa : colei pegadas de coelhinho, e em cada uma delas coloquei 2 bombons caseiros (preparados pela mamãe), levando até um lugar que estava uma cesta com os ovos. Fui deitar novamente as 8 da manhã, pois não queria que ela achasse que o Coelhinho de Páscoa passou por mim e eu não o vi. Disse para mim mesmo que não iria conseguir dormir, pois depois que acordo realmente não paro. Sabe o que me fez descansar? Deitei na cama, e ela (que estava na nossa cama), sentiu minha presença e foi se chegando, ficando em meu braço. Isso me acalmou, me deixou tranquilo e me deu paz para dormir. E assim fomos até as 10 da manhã. Ela acordou, abriu a porta do quarto, viu as pegadas e foi. Aqui embaixo vou colocar o vídeo. Missão cumprida. Ela adorou e nós sentimos que mais uma vez fizemos a coisa certa.  Espero, no fundo do meu coração que esse período seja o momento para nossa fé ressuscitar, e que nunca percamos a esperança.


Hoje (ontem, 05/05/2021) antes de ela dormir, cismou de vir para meu colo, me deu um beijo no rosto e falou  - Meu gostoso. Olhei para minha esposa que estava deitada na cama e falei : - você ouviu isso? Minha esposa riu e falou : - tira o olho que ele é meu hein. Maria Tereza, muito levada falou que eu era o gostoso dela. Brincamos um pouco, a fiz rir e dona mamãe (sempre ela) teve que acalmar para que finalmente essa menina levada e ligada nos 220V dormisse.

E o amor onde vai parar nessa história? Em cada gesto, cada suspiro, cada ensinamento, cada descoberta. Cabe a nós aprendermos diariamente a amar cada dia mais, pois "a vida é trem-bala parceiro, e a gente é só passageiro prestes à partir".

Obrigado pelo carinho, pela atenção e pelo tempo.

Te amo filha!








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